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O número de mortes por queda quadruplicou no estado de São Paulo nos últimos 16 anos. Dados do Bepa (Boletim Epidemiológico Paulista), divulgados pela Secretaria de Estado da Saúde, indicam que essa já é a terceira principal razão de mortalidade por causas externas, quando independem do que acontece ao organismo humano. Fiquei estarrecida já que trata-se de morte evitável.

Janeiro de 2017. Era uma quarta-feira, acordei bem cedo e sai de casa para uma consulta médica. Estacionei  o carro,  atravessei a rua e caminhando pela calçada do hospital, tropecei em um desnível e levei um tombo. Levar alguns tombos faz parte da vida, mas quer coisa mais sem graça? Como sempre, fiquei com vergonha e não sabia se ria ou chorava. Pessoas que passavam me ajudaram a levantar. O pé doía e mancando continuei a caminho da consulta. Uma mulher me acompanhava na tentativa de me consolar. Poucos metros depois, ela também tropeça em outro desnível e cai. Triste e cômico. Outras pessoas a ajudam e nos despedimos. Já na sala de espera do pneumologista, lembro-me dos dois momentos quase simultâneos e dou gargalhadas. Noto que algumas pessoas me olham sem entender. Pego meu celular e finjo que vejo nele o motivo das minhas risadas. Divirto-me com a situação, mesmo sentindo dor. Ao término da consulta, passei pela ortopedia. Fraturei o pé e tive que usar uma bota imobilizadora durante 45 dias.

Não foi a primeira vez. Em um ano cai duas vezes em escada. A primeira foi em casa. Penso que já passou da hora de colocar corrimão e de prestar atenção nos meus passos. Moro há 20 anos na mesma casa e só depois da queda é que percebi que o último degrau da descida é mais estreito que os outros. Pisei em falso. Foram quinze dias com o pé imobilizado. Da outra vez foi no consultório de uma dentista. Ao descer do segundo andar, conversava com a especialista de olho nos degraus. Senti-me segura, desviei o olhar e não vi que o último nível era diferente. Dei de cara com o chão, mas logo me recompus, dizendo à doutora de que nada havia acontecido. Saí de lá com o joelho ralado e os óculos quebrados. Um prejuízo e tanto, as lentes de policarbonato são caras. Não reclamei do absurdo daquela escadaria, nem reclamei no hospital da calçada perigosa. Deveria ter me indignado. As duas situações, além de constrangedoras, fizeram-me ter um gasto a mais: lentes novas, bota e sessões de fisioterapia. Não exerci meus direitos de cidadã! Prometo a mim mesma que daqui para frente será diferente (mas espero que não seja por mais uma queda).

Fico pensando que só cai na calçada do hospital porque estava com sapato sem salto e, por isso, não me preocupei ser atenta com o pavimento. Se estivesse no Canadá, por exemplo, não precisaria mesmo, mas vivo no Brasil e me esqueci disso. Tem cada contradição no nosso país: o cuidado com as calçadas são de responsabilidade do dono do imóvel. O problema é que  pouca gente se importa,  imagine,  nem hospital cuida… Enquanto isso, o poder público é responsável pelas vias onde passam os automóveis…

Em outra ocasião, molhando as plantas de casa, na varanda, usava chinelos de borracha e escorreguei na água que ficou no piso. Esta foi a campeã no quesito dor. Estava só em casa e não conseguia levantar-me, o que ocorreu quase  meia hora depois, com muito esforço. Fiquei uma semana entrevada, na cama. Aprendi. Agora só com tênis e muita atenção. Senti que precisava fazer alguns ajustes em casa para evitar acidentes. Nos banheiros já há barras de segurança. Os tapetes persas estão guardados, sinto saudade deles no chão, enfeitando minhas salas. Meu marido, irmãos e amigos estão envelhecendo também e morro de medo de alguém tropeçar e se machucar na tapeçaria.

As quedas são consideradas problema de saúde pública na velhice e acontecem na maior parte das vezes dentro de casa.  30% da população com mais de 65 anos caem pelo menos uma vez ao ano e depois dos 85 anos o perigo atinge 50% da população. As causas são várias: alguns medicamentos, falta de equilíbrio devido a idade ir avançando, trauma de uma antiga queda, diminuição da pressão arterial e deficiência visual. A prevenção, então, como sempre, é a melhor alternativa. E algumas soluções são simples: barras nos banheiros, evitar degraus ou colocar corrimão nas escadas; dispor  utensílios em locais de fácil alcance; ter a altura da cama apropriada de forma que os pés fiquem no chão quando a pessoa estiver sentada; evitar tapetes e pisos escorregadios. Atividade física para melhorar o equilíbrio é fundamental. Usar bengala! Conheço muito velho que se nega a usar… Gente, qual é o problema? Outro problema são os calçados. Cuidado redobrado com isso. Olha a foto! Chinelo é um perigo. E fazer controle médico, né. Todo cuidado é pouco. Atenção!!! Hoje não tiro os olhos de onde meus pés caminham…

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