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“Como um joelho que já não consegue superar nosso peso ou um cristalino que perde a transparência e já não nos permite enxergar, precisamos levar nossas ideias para a sala de cirurgia.” Falou tudo, Hillman! Para quem não o conhece, James Hillman foi um psicólogo e escritor norte-americano. Bárbaro, na minha opinião.
Embora não seja fácil, quem quer, de verdade, consegue substituir os hábitos mentais. A receita é unir generosas doses de consciência, vontade e ação. Eu consigo (ou tento) romper com as ideias usuais sobre a velhice. Como? Superando-as. Não quero viver sob o peso do julgo de que velho é isso ou aquilo. Escuto muito “nossa, fulano ficou ranzinza depois que ficou velho”. Soa comum? Velhice não é doença com sintomas preestabelecidos. A velhice pode sim revelar a nossa natureza, dar força ao que já somos. A velhice não nos torna racistas, sovinas, fofoqueiros, ou coisa parecida. Não, a velhice não é assim. Eu a vivo. Sei.
Tenho tido momentos de emoção. Choro quando vejo alguém sofrer. Saber de alguém precisando de ajuda corta o meu coração. O ímpeto é correr e ajudar. E nem sempre é possível. Uma amiga decretou: estamos ficando velhas e nos tornando marias-moles”. Respondo que já éramos assim, só não prestamos atenção. Sem mais.
Os efeitos do envelhecimento são interessantes do ponto de vista humano, mas, de novo, requer consciência, vontade e ação. “Quanto mais tempo nos agarramos a ideias gastas mais elas nos afetam negativamente, atuando como patologias. A principal patologia da velhice é a nossa ideia da velhice. A nossa própria juventude e uma cultura cujas ideias derivam da juventude são as coisas que podem tornar mórbida a nossa velhice. Depois dos 50 ou 60 anos inicia-se uma nova terapia – a terapia das ideias”, acredita Hillman.
Bingo! Meu primeiro movimento interno foi aceitar-me velha. Alguém que tem muito tempo de vida. Alguém que está na velhice, a última fase da vida. E isso a gente não consegue mudar. Não tem jeito. É a vida.
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