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Estamos todos (ou quase) na fila da vacina contra a Covid-19. E quem está na fila precisa de paciência e autocuidado. Afinal, não sabemos quando será a nossa vez. E fila é pra ser respeitada. Tento puxar na memória se já furei alguma e não consigo me lembrar. Não forço muito porque já passou. O presente importa. De mim, sei que hoje, se tivesse oportunidade, não passaria na frente. Não mesmo! A velhice – não canso de dizer isto – existe é para que sejamos melhores, época de aperfeiçoamento humano. Aliás, há coisa mais democrática do que respeitar uma fila, respeitar os outros e aguardar a sua vez?
O antropólogo carioca Roberto Damatta, realizou uma pesquisa, juntamente com Alberto Junqueira, que resultou no livro “Fila e Democracia” (Editora Rocco). Numa sociedade com um passado escravocrata e aristocrático, entrar na fila seria quase um demérito, uma vergonha, sinônimo de inferioridade, rompendo com o valor da igualdade em uma sociedade tão desigual.
Pelo amor de Deus, já chega! Não fosse pelas pessoas que estão de olho, fazem foto e postam nas redes sociais, não saberíamos quem são os caras de pau. Seres humanos sem um pingo de compaixão. Até agora, são poucas as doses da vacina disponíveis e uma população imensa que precisa mais, a turma da saúde e os idosos, por exemplo. Já chega, repito. Hoje temos informação demais e todo mundo sabe (ou deveria) o que é certo fazer. Chega a ser singelo. É só respeitar o lugar de cada um. Simples, só que não, infelizmente. Na terra do “você sabe com quem está falando?”, como transformar a fila num ritual de igualdade em uma sociedade tão desigual?
Apesar de tudo, tenho a esperança de que dias melhores virão.
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