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Década de 90. Tinha um casal de gatos persas, Pierre e Brigite. Sempre amei gatos, herança do meu pai, acho. Cresci no meio deles. Lembro-me quando meu pai morreu, em 1988. Ao separarmos o terno com o qual seria enterrado, a gata Pasqualina entrou dentro da sacola com a muda de  roupa e foi uma dificuldade tirá-la de lá. Alguém duvida que ela queria ir ver o meu pai?

Mas a história que quero contar é outra. Fui passar dois meses na Itália e deixei os gatos sob os cuidados de dois jovens irmãos que ficaram em minha casa. Ao retornar, soube do desaparecimento da Brigite. Fiquei desconsolada e passei a procurá-la pelo bairro. Saía caminhando, chamando pelo seu nome, parecia uma louca. Mansa, claro! Dias e dias e nada. Os pitacos eram diversos. “Foi furtada”, diziam alguns. Teve gente que se atreveu a opinar dizendo que a gata poderia ter virado churrasquinho para trabalhadores da construção civil,   já que havia dezenas de obras na região. Maldade. Deletei essa possibilidade absurda! Minha empregada doméstica ajudou bastante nas buscas e chegou a me afirmar que havia visto Brigite em um lote vago. Fui ao local e, de novo, nada! Teria ela fugido e se tornado uma gata de rua? Como assim? Era bem tratada, recebia carinhos e ainda tinha Pierre, o companheiro bonitão. Sem resposta, o tempo passou.

Doze anos depois, em 2008, uma vizinha me conta que uma gata de rua – havia vários e eu conhecia todos – tinha parido em seu jardim. A mãe era cinza e o pai preto, lindos vira-latas. Sabendo  da minha paixão pelos felinos,  perguntou-me se eu não toparia adotar um deles. Fui ao local, debaixo de uma pequena árvore florida e avistei que entre os pequerruchos de cor cinza e preta, havia um colorido. Lembrei-me de Brigite e a trouxe para casa. Sim, era uma fêmea. A medida que ia crescendo ia se assemelhando cada vez mais com a minha doce desaparecida. As fotos comprovam. Cheguei à conclusão de que realmente Brigite fugiu e optou ficar na rua. Piti, a minha gatinha manhosa só pode ser sua descendente, “tatatatataraneta”…

E por que manhosa? Piti sempre foi independente e não dava muito papo pra gente. Estava sempre em seu canto. No entanto, agora já velhinha, deu pra demonstrar uma carência enorme. Se antes não chegava perto, hoje está sempre atrás de mim e do meu marido querendo colinho! E pasmem: agora só se alimenta se fico ao lado admirando a façanha. E não adianta colocar muita ração de uma só vez. Só porções pequenas que ela solicita durante o dia.  Quer atenção plena. Enquanto isso, temos  que conviver com o ciúme que tomou conta da minha cadela Pipa. Ufa! Problema não… É muito amor envolvido!

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