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O Dia Nacional da Alfabetização é comemorado no Brasil no dia 14 de novembro. A data quer chamar a atenção para a importância de melhores condições de ensino e aprendizagem no país. A alfabetização não se baseia unicamente no ato de aprender a ler e a escrever, mas também no desenvolvimento da capacidade de compreensão, interpretação e produção de conhecimento.

Atento-me para o idoso analfabeto. É que frequentar a escola e aprender é básico para a saúde cerebral. Inúmeros estudos, inclusive internacionais, mostram que a incapacidade intelectual  é risco para a doença de Alzheimer. Você pode imaginar o tamanho da encrenca: mais da metade dos analfabetos brasileiros são idosos. Penso que essa questão já deveria ter sido enfrentada pelos Ministérios da Educação e Saúde. Todo ano vejo campanha para chamar as crianças para as escolas, por que não fazer o mesmo com os idosos?  Segundo o IBGE, são cerca de 6 milhões de idosos que não sabem ler nem escrever, grande parte mora na zona rural e ainda trabalha. O desafio é convencer essa turma sair de casa à noite e ir para a aula de aula.  Seria necessário, acho, um trabalho corpo a corpo, inclusive oferecendo oportunidade de aulas durante o dia. O neurologista Paulo  Caramelli  conta-me  que algumas pesquisas – são poucas – mostram que a alfabetização melhora em curto espaço de tempo o desempenho intelectual e, possivelmente, melhora também aspectos estruturais do cérebro. Uma pesquisa de uma aluna do neurologista comparou, por meio de exame de ressonância magnética, cérebros de pessoas saudáveis, algumas analfabetas e outras com uma escolaridade de dois, três anos. Foram detectadas mudanças estruturais significativas no cérebro entre os dois grupos. Fiquei  surpreendida como pouco tempo de estudo tem resultado tão positivo, ou seja, precisamos estimular a alfabetização dos mais velhos. O médico acompanhou um estudo numa pequena cidade do interior de Minas e descobriu que  a taxa de analfabetismo  entre pessoas com 75 ou mais era de quase 40%. Aliás, um estudo da PUC/MG mostra que 30% dos idosos mineiros são analfabetos. Isso sem falar em um contigente enorme formado por idosos analfabetos funcionais que sabe ler e escrever, mas pouco entende o que lê e é  incapaz de escrever uma simples carta. 

Sinceramente, causa-me aflição quando vejo alguém sem nenhum problema cognitivo,  ou qualquer outra coisa que o impeça, ser totalmente excluído da cultura escrita. Vivemos, ainda, uma situação com a qual o país tem que lidar com mais seriedade,  afinal, se o Brasil não trata bem as pessoas mais velhas, imagine ser velho e analfabeto.
Preste atenção. Sempre tem um idoso analfabeto perto da gente. Há aqueles que não querem estudar e isso é um direito que precisamos respeitar. Mas, há aqueles ávidos por uma oportunidade. E só precisam sair da invisibilidade! 

O que você acha disso?

E um lembrete: fizemos um programa tratando da alfabetização de idosos. Vale a pena assistir. Só acessar o link https://youtu.be/uOaCu8l5IzM

 

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